O Conto da Aia. A Verdade que não te
Contaram!
Introdução

O contexto que a Margaret Atwood se
encontrava, era no período em que o muro de Berlim ainda existia, ou seja, em
plena guerra fria, em meados de 1984. Era uma época difícil, de repressão e
neste contexto, ela inspirou-se em meio a tudo que acontecia em seu redor e ao
redor do mundo em épocas e contextos diversos, a exemplo da França, do Irã, da
URSS, dentre muitos outros países e seus ditadores, e em épocas mais remotas, a
exemplo da caça às bruxas, onde entra em cena a “Santa Inquisição”, que de
santa só existe mesmo o nome, dentre outras loucuras e mazelas mais. Daí surgiu
a ideia de um regime puritano, extremista, cruel e macabro que se configurou na
república de “Gilead”, uma cidade estado dos Estados Unidos, o qual as mulheres
eram privadas de suas liberdades, e neste caso, seu único propósito era
reduzido à fertilidade, elas eram transformadas em servas “aias”(Dama de companhia ou “aia”, assistente
pessoal em uma corte, real ou feudal, auxiliando uma rainha, uma princesa ou um
alto nobre.), mas que no contexto de “Gilead”, era muito mais caracterizada
como reprodutoras, seu único papel. Elas eram sujeitas a um regime e sistema de
vigilância que as monitorava o tempo todo.
Dentre algumas entrevista que a Margaret
Atwood deu, na entrevista ao “El País, Brasil” por Andrea Aguilar, a Atwood deixa
este contexto bem claro. O cenário de acordo com seu ponto de vista; embora a
pergunta que motivou tais palavras tenha sido em relação a “Os Testamentos”,
romance que dá continuidade ao “O Conto da aia” e não a este propriamente dito,
mas Atwood contextualizou o momento aos anos 30 e 40:
"As circunstâncias que nos cercam se parecem mais aos anos 30 e 40, do
que a qualquer coisa ocorrida entre essa época e agora: vemos extremismos de
esquerda e direita, pensamento de grupo, polarização, demagogos tentando causar
medo e ganhar poder. Assusta."
(Margaret Atwood, entrevista ao El
País - Brasil, Londres - 13 set 2019)
É interessante notarmos, que ao ser questionada se ela chegou ao triunfo como escritora com o sucesso alcançado pelo “O Conto da aia”, ela deu um exemplo de forma a deixar claro que o destino de sua obra depende muito daquilo que estará arraigado na mente das pessoas no decorrer dos anos e que depende muito de o que irão fazer com sua história, ou seja, quais são as pretensões de quem irá utilizá-lo. E porque isto é importante!? Ora, isto nos mostra que ela tem consciência que nem tudo que irão defender utilizando-se de sua história condiz com suas ideia e ou ideais, muito embora em meu ver, ela apesar de não responder diretamente algumas perguntas, apenas esquiva-se das mesmas, mas seu conto fala por si só, e neste sentido, ela mesma deveria expandir seus horizontes, justamente porque ela não tem como saber quais propósitos dos que se utilizarão de suas obras, ou seja, ela não sabe o que se passa em suas mentes, e vemos isto em relação à princípios Bíblicos, que distorcidos servem a ideologias que a própria Bíblia condena!
"P. Esse é o triunfo absoluto para um escritor?
R.
Não sei, porque por fim seu personagem pode acabar protagonizando o comercial
de uma pasta de dentes. Podem acabar apropriando-se por motivos que nada têm a
ver com seu livro."
(Margaret Atwood, entrevista ao El
País - Brasil, Londres - 13 set 2019)
Em relação ao feminismo, ela responde fazendo uma analogia com o cristianismo:
"P. A liberdade das mulheres?
R.
É que não se pode dizer “feminista”, mas “esse grupo de feministas”. Em linhas
muito gerais, um cristão é alguém que tem a figura de Cristo em alta estima. Da
mesma forma, em termos gerais, pode-se dizer que o feminismo sustenta que as
mulheres são seres humanos e não são inferiores. Mas há milhares de outros
assuntos e desacordos. Isso não significa que o objetivo maior não seja válido,
mas que há diferenças na percepção de como alcançá-lo."
(Margaret Atwood, entrevista ao El
País - Brasil, Londres - 13 set 2019)
Ainda em relação ao feminismo, ela admite
distorções, falhas em se tratando de objetivos e a forma de agir de
determinados grupos e de algumas feministas em particular, mesmo que não tenha
citado nomes específicos, mas uma minoria que distorce os objetivos em proveito
próprio. Neste contexto, ao concordar com o ponto de vista de George Orwell, Atwood
admite que a complexidade envolvendo o poder, ideais e ideais políticos, são
facilmente deturpados, o próprio Orwell defendia o Socialismo Democrático, mas
não como apresentado na história, que é muito mais o comunismo que propriamente
o socialismo em sua essência. Na verdade, o Socialismo nunca foi implantado
verdadeiramente em lugar nenhum no mundo, apenas tentaram fazer parecer o comunismo
com o socialismo, confundindo desta forma a percepção que alguns têm de ambos.
Os motivos que levaram Orwell a ser adepto do Socialismo, foi a mesma forma de
ver as desigualdades sociais que Marx, ou seja, os ricos empresários explorando
a classe assalariada de forma inescrupulosa. Neste sentido eu sempre defendi que
o socialismo nunca foi verdadeiramente implantado em lugar nenhum no mundo, o
comunismo sim, basta para tal ver meus artigos neste sentido, a exemplo de, Considerações
a uma Ideologia! II, Por: Rogério Silva, in: https://rogeriorsf.wordpress.com/2020/05/19/consideracoes-a-uma-ideologia-ii/.
Este artigo completo é composto por 8 (oito) partes as quais eu defendo
asseverando categoricamente, mesmo que não sendo este o propósito específico do
artigo, e portanto, não me aprofundando no mesmo, mas por fazer parte ou por
tanger o teor abordado, eu menciono os motivos que me levam a crer, muito embora
de forma não tão incisiva, mas não superficialmente e muito menos negligente, e
sim com argumentos coerentes, que inclusive já é alvo de alguns professores,
esclarecer, por exemplo, a diferença entre Comunismo e Socialismo, coisa que
pouca gente sabe!
“P.
São cometidos excessos?
R. Claro,
mas o que há de novo? Já estivemos aí, leiamos a história da Revolução
Francesa.
P.
É importante denunciá-los?
R. Nisso,
estou com Orwell e seu “diga a verdade”. Senão, o que você construir não será
baseado na realidade. A verdade é que existem todos os tipos de mulheres. Não
pensemos que são uma espécie de anjo que voa pelas nuvens. Elas têm
imperfeições e falhas como todos, e por que não deveriam ter direito a isso?”
(Margaret Atwood, entrevista ao El
País - Brasil, Londres - 13 set 2019)
Nesta mesma entrevista, quando a Atwood é questionada se a escritora francesa Sidonie-Gabrielle Colette há inspirou, ela demonstra em sua resposta o quanto de certa forma ela parece menosprezar outras importantes escritoras, mesmo sendo ela pragmática em suas resposta, sua lucidez é evidente, justamente por isto fica implícito certo menosprezo... mas o pior é que neste contexto, ela deixa claro que não se deve por censura moral as artes, ou seja, em outras palavras, pode tudo, vale tudo mesmo, o que é estranho da parte dela, já que sua posição em relação por exemplo ao papel da mulher na sociedade, fala de respeito a mesma e isto inclui questões morais...
Aqui faz-se necessário lhes lembrar, que o fato do romance “O Conto da aia” tratar a posição da mulher em função de uma visão religiosa, ou seja, teocrática; muito embora de certa forma obscura em relação a realidade Bíblica, mas sexista, e basta para perceber este equívoco, ver a vida de algumas mulheres relatadas na Bíblia, como veremos na continuação deste artigo. Neste sentido é bom salientarmos, que o fato de a Bíblia relatar algo, não significa dizer que “DEUS” aprova tal atitude, ela nos relata justamente para que percebêssemos o que ele aprova e o que ele desaprova, como é o caso de Caim, que assassinou seu irmão Abel, portanto, justamente por isto que nem tudo que estar nas “Escrituras Sagradas”, quer dizer que temos que seguir ou fazer ao pé da letra, muito embora exista sim coisas que têm que serem seguidas à risca, a exemplo da boa conduta, do bom proceder. Há casos que são apenas descritivos, ou seja, que descreve algo, e muitos destes nos deixa claro o que devemos fazer e outros nos mostra justamente o contrário.
Percebam que em se tratando de questões Bíblicas, para que tenhamos a verdadeira visão e um verdadeiro entendimento das “Escrituras Sagradas” é estritamente necessário que sejamos práticos e prudentes, pois neste caso de Caim, até os sentimentos que ele tinha em relação a seu irmão e o relacionamento que este tinha com “DEUS”, que o levou a ter inveja de Abel e a partir daí odiar seu irmão, as “Escrituras Sagradas” nos relata que estes sentimentos maliciosos, maldosos e mesquinhos, são abomináveis...
Justamente por isto, temos que estabelecer uma ligação saudável e legítima com as “Escrituras Sagradas” de forma que venhamos a entender quais os objetivos de determinadas atitudes que “DEUS” tomou e outras que foram tomadas em seu nome, sendo que algumas destas ele rejeitou, isto por não ter partido dele, mais que outras por ele ter determinado, não faz sentido algum ele ter rejeitado... da mesma forma, temos que entender o que realmente significa seus “Preceitos”, seus “Estatutos”, seus “Mandamentos” e suas “Leis”.
Temos que entender ainda, que a Bíblia
por ser um livro que conta a história de um povo, sendo este um povo escolhido
por “DEUS” para ser seu, portanto, seus pecados e faltas diante dele, “DEUS”,
estão escritas neste livro. Desta forma devemos tê-la como um livro que em meio
ao pecado da humanidade, “DEUS” estabeleceu seus “Estatutos”, seus “Preceitos”,
suas “Leis” e seus “Mandamentos”, sendo este a base de todas as outras leis, preceitos,
estatutos e mandamentos, conf. Gên.
26:5; Lev. 26:46; Deut. 4:45, 6:20; 1 Reis 8:58...
Deuteronômio 4:8 - "E que grande nação há que tenha estatutos e
preceitos tão justos como toda esta lei que hoje ponho perante vós?";
Deuteronômio 6:1 - "Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os preceitos que o Senhor teu Deus mandou ensinar-te, a fim de que os cumprisses na terra a que estás passando: para a possuíres;".
Neste contexto, a própria autora do conto, a Margaret Atwood já se posicionou a respeito de seus pensamentos a respeito do assunto, embora delicada e prudentemente, ela coloca o mesmo como algo especulativo, ou seja, ela o ver mais como uma teoria, uma forma de ver as coisas, que propriamente como algo prático, que possa ocorrer. Mas, foi justamente por isto que alguns críticos o tratam como uma distopia, já que com este posicionamento, a autora mais que se esquivou de opinar sobre as questões polêmicas, que explicou o que realmente pensa a respeito. Na verdade; o conto é uma distopia, já que a história e seus fatos polêmicos em torno de um sistema teocrático com regime teonômico, onde as mulheres são propriedades do estado e que abusivamente têm seus corpos violados, da mesma forma que seus direitos civis como seres humanos, além é claro, de as “Aias” (Handmaid’s; Servas), deixa claro que trata-se de uma visão e interpretação extremista das histórias Bíblicas, assim como as “Marthas” que também têm seus nomes de nascimento proibidos, uma forma de desfigurar a identidade a qual possuíam, tirando-lhes seu caráter pessoal, individual e fazendo das mesmas verdadeiramente uma casta de baixo nível, mas sabemos que não se pode retroagir nos direitos adquiridos. Neste sentido, os direitos fundamentais são inquestionavelmente invioláveis, por isto o conto ser distópico...
Outro fato interessante aqui em
relação ao “O Conto da Aia”, é que, diferentemente das “Escrituras Sagradas”, pois
nesta, os servos não eram desrespeitados e alguns, a exemplo de Eliézer ou
Eliezer, tinha a possibilidade de ser herdeiro de Abraão e governava sobre toda
a fortuna de seu senhor, por o mesmo não ter filho e caso não fosse os
propósitos para Abraão por parte de "DEUS", Eliézer teria sido
herdeiro de seu senhor, conf. Gên. 15:2,
3-4, 24:2, 10....
É interessante que o próprio conto,
isto usando a concepção que alguns dão em se tratando de religião e
principalmente das "Escrituras Sagradas", é que ele é discriminatório
com as “Marthas”, que exercem um papel fundamental em toda a trama, principalmente
em se tratando do “MayDay”, um grupo da resistência ao regime totalitário; mas
lhe é dado pouca importância, até mesmo pelos críticos! Este fato por si só
deveria ser um ponto de partida para uma reflexão, tendo em vista que
utilizam-se deste mesmo tipo de argumento para criticarem as "Escrituras
Sagradas"... neste sentido, o conto discrimina as “Marthas” na importância
de seu papel. Estou aqui usando a equidade ao criticar, já que utilizam-se
destes mesmo tipo de críticas em relação a questões espirituais.
Creio que fatos como estes,
silenciaram a autora, considerado ainda o quão ela se aprofundou nas
"Escrituras Sagradas" ou em algum outro regime extremista religioso,
a exemplo dos puritanos. Bom, creio que seu objetivo, além de contar uma bela
história, é de certa forma criar uma bela polêmica a nível de possibilitar a
reflexão sobre um tema tão sensível e preocupante, e equivocadamente distorcido
em determinados aspectos, e isto é compreensível, mas não significa dizer que
ele deve se negligenciado... mas o fato de a Atwood parecer mesmo esquivar-se
de responder diretamente a determinadas perguntas, penso ainda que o que a
motivou a tal posição, foi o fato dela relatar cenas chocantes na história e
que daria muito o que falar, e basta estas cenas para criar críticas a respeito,
portanto, “deixemos sua opinião mais
incisiva à parte, já que ela mesmo fez isso”.
No contexto do conto, ele nos relata algo
que se passará em um futuro, seja este próximo ou não, mas que com motivações e
realidades possíveis e passíveis de ocorrer, isto de acordo com o que o público
sentiu e que com certeza o teor do conto nos mostra isto, deve ter sido este o propósito
da autora, “chamar à reflexão”, tendo
em vista, é claro, que todo autor, pintor, artista, escritor ou escultor, transmite
suas ideias e pensamentos a respeito de determinados assuntos em suas obras,
sejam estas quais forem e creio que com ela não foi diferente, além de suas
respostas dadas em entrevistas não negarem isto, sendo ela, a Atwood uma
excelente escritora, ela aborda um tema polêmico de forma a nos deixar,
ansiosos, apreensivos e algumas vezes nos faz ser mais empáticos que
normalmente somos, já que algumas cenas muitas vezes nos induz a tanta empatia,
a ponto de nos identificarmos de alguma forma com as personagens e suas dores, ou
por tocar em pontos tão sensíveis que tomamos para nós a dor das mesmas e a
emoção toma conta do espectador a ponto de nos arrancar lágrimas algumas vezes e
muitas vezes raiva ou senso de justiça....
Essa visão extremista das “Escrituras Sagradas”, demonstra justamente a falta de conhecimento sobre a mesma, ou tem apenas o intuito de promover as vendas, isto porque questões polemicas como esta, chama a atenção do público e vende, mas como citei antes, pode ser apenas “um chamado à reflexão”.
Esta distopia, prenuncia um futuro
nada promissor no que diz respeito aos direitos das mulheres, tema recorrente
ainda hoje, inclusive para homossexuais e negros. O tema e cenário abordado tem
dado o que falar justamente por questões feministas e de direito à liberdade de
expressão, principalmente em relação às mulheres e a homossexuais, embora estes
tenham sido praticamente extintos em Gilead, justamente por isto que a história
toda se dar em torno das mulheres.
E aqui mais uma vez, está longe da
forma como deveríamos ver o contexto Bíblico. Percebam que o fato de não se
falar muito de homossexuais no romance, não tem nada de discriminador, ou seja,
não há nada de discriminação aos mesmos por apenas este fato em si, sabemos que
em linhas gerais há sim discriminação a eles pelo contexto do conto, pelo contexto
geral, mas não pelo fato de se falar pouco deles, já que o contexto exige de
certa forma que os mesmos sejam eliminado da história pelo próprio contexto, que
exige isto, já que fala de eliminar os “traidores de gênero”, mas faz parte do
próprio contexto que procura eliminá-los, justamente por isto que não se ver
tantos deles. Neste contexto, a história se passa em uma cidade-estado, uma
espécie de república e nesta as mulheres são privadas de lerem, de terem vez e
voz, elas não têm acesso a revistas, jornais ou quaisquer que sejam os livros e
ou filmes, e claro, a extinção das Universidades dar suporte ao isolamento da
mulher, além de fomentar a alienação, o desconhecimento, a desinformação e até mesmo
a defesa de suas ideias, já que não existem defensores públicos ou
particulares, a exemplo de Advogados ou órgãos especializados em defesa dos
direitos do ser humano, estes também inexistem na cidade, principalmente em se
tratando de mulheres. Neste contexto, seus maridos as tratam como verdadeiros objetos
de uso, sem vez e voz, e a única opção é a obediência, sem restrições, sem
contar que quando são estéreis por algum motivo, entram em cena as “Aias”. Outra
coisa que é importante ressaltar é a falsa participação de algumas destas
esposas nas tomadas de decisões, a exemplo de Serena, personagem de outra
excelente atriz, Yvonne Strahovski, que juntamente com a atriz Elisabeth Moss,
uma Cientologista na vida real, sua “aia” e que apesar das barbáries, as duas dão
vida glamourosa a suas personagens.
Bom, o que existe no sentido de
suposta justiça, é uma espécie de “Comandante”, uma das castas existentes, além
dos “Guardiões”, das “Esposas”, das “Aias”, das “Tias” e das “Marthas”, que são
as principais castas, e são assim que elas são chamadas. Os Comandantes, são àqueles
que estão no comando da republica de Gilead. Estes formam uma espécie de
conselho e governantes através do qual eles difundem suas ideias e ideais, e
através do qual eles decidem tudo, inclusive, as punições àqueles ou àquelas
que por algum motivo desobedecem as leis e a ordem e ou àquelas que descumprem
seu papel, inclusive como esposas, estas não estão livres das punições...
Justamente por causa do contexto e das
implicações religiosas, é que não temos como abordar o tema e deixar as
questões Bíblicas e ético-morais de lado, e é justamente aqui, “que a porca torce o rabo”!
Vamos começar dizendo que ao Criar o mundo, “DEUS” achou necessário ter alguém para tomar conta dele, já que tudo era lindo e maravilhoso, e justamente por isto, que ele criou o homem e logo após criou a mulher com funções diversas da do homem, e ambos tinham respeito pela função que cada um exercia, e claro que havia sim uma hierarquia, mas para ambos, onde havia limites de forma que um não poderia interferir na vida do outro, extrapolando tais limites, e ambos reconheciam a importância disto, pois cada um tinha propósitos diferentes, como ainda hoje têm, muito embora muitos tentam a todo custo negar, conf. Gên. 1:26, 28; 2 Tim. 4:3-4... Esta harmonia ocorreu até que o mal, travestido de boas ideias e intenções e de justiça, utilizou-se justamente de falsas verdades, falsa justiça e de determinadas ideologias, e desta forma, ele entrou no mundo e começou suas questões aparentemente saudáveis e justas. Seria neste contexto que entraria em cena, “a árvore do conhecimento do bem e do mal”, mas este assunto não suporta o tema adicional, pois não é o momento mais adequado para falarmos dele, ficaria o artigo muito longo e enfadonho.
Mas neste sentido, para que entendamos
as questões polêmicas religiosas, e considerando os “Estatutos”, os “Preceitos”,
os “Mandamentos” e as “Leis”, que foram estabelecidas por “DEUS”, nós temos que
encarar a questão exatamente como ela é, ou seja, sem distorções, sem que
sejamos hipócritas e ou que tenhamos ideologias escusas, pois neste sentido,
esconder, suprimir e ou distorcer fatos, não nos ajuda a entendê-los...
Agora precisamos fazer um adendo com
uma analogia para podermos entender a realidade Bíblica, portanto e para tal
propósito, imaginemos você, dono de casa, que em determinado momento tivesse
toda sua família sendo ameaçada por uma criança de dez anos de idade com uma
arma de fogo, considerando é claro, que a mesma saiba atirar e que tenha
condições para tal, e portanto, que esta já tivesse alvejado um de seus entes
querido e este estivesse prestes a morrer, e neste contexto, sua única opção;
pois depois de ter tentado de tudo para que a criança desistisse disto, de
utilizar de violência contra seus entes queridos, você teve como resultado, justamente
um de seus entes queridos baleado e prestes a morrer. A questão aqui é, quem em
sua plena consciência, deixaria que esta criança matasse alguém de sua família,
para que não tivesse que matá-la para defender seus entes queridos!? Isto é
claro, se não houvesse outra forma de resolver a situação. Neste contexto a
primeira coisa que vem à mente de alguns é: “mas ela é apenas uma criança!”, pois é, mas esta narrativa cai por
terra desde o momento em que esta criança coloca a vida de outras pessoas em
risco de morte, portanto, ela não deve mais ser vista apenas como uma criança,
mas como alguém que está colocando a vida de outras pessoas em risco de
morte...
Pois é, sei que a questão é dura de se
enfrentar, mas não podemos fugir dela, pois só assim teremos suporte e
argumentos para podermos analisar a mesma de forma coerente e desta forma passarmos
a entende as atitudes que “DEUS” tomou no passado e outras que ainda tomará no
futuro. Bom, sem outra opção, criança esta, que está exatamente ameaçando a
vida de seus entes queridos e inclusive a sua, o que você faria, se a única
opção fosse justamente tirar a vida daquela criança que ameaça a vida de seus
familiares e inclusive a sua!?
Pois é, é aqui que devemos deixar a
hipocrisia de lado, pois foi exatamente por causa deste tipo de questão, que
muitos acham que “DEUS”, foi cruel, quando ele tirou no passado a vida de
jovens, mulheres e crianças, mesmo que o risco não fosse claro ou eminente, mas
isto só nos mostra o quanto “DEUS” quer nos proteger do mal. Aliás, neste
sentido, tenho uma novidade para você, principalmente para você que se diz
cristão mais nega na prática a essência cristã; você tem realmente que repensar
seus conceitos, pois em Mateus, ele nos deixa claro que no final dos tempos,
ele irá proceder da mesma forma, ou seja, àquele que não estiver de acordo com
seus padrões Divinos de Santidade, eles irão ser condenados, e pouco importa se
crianças, jovens, idosos e ou adultos, sejam estes saudáveis ou não, uns irão
ser salvos, enquanto que outros serão condenados, conf. Mat. 24:45-51, 25:31-33...
Bom, sabendo disto, podemos dizer que as
coisas são o que são e pouco importa se gostemos ou não, exatamente como no
caso em questão da criança ameaçando sua família. Neste contexto, eu coloquei
uma criança de dez anos como protagonista da analogia, justamente para que
tenhamos em mente que a questão se dar em torno de princípios éticos-morais, ou
seja, de uma vida, mas não apenas dela, mas de outras que ela está colocando em
risco de morte e se não atentarmos para isto haverá distorções de entendimento
e conduta.
Como disse, “as coisas são o que são”, é simples assim. Portanto, neste sentido
você tem uma escolha a fazer e não adianta mudar a cena ou o cenário em
questão, pois desconfigurar a mesma para defender ideologias e com objetivos
escusos, não muda o fato, e esta é a questão, esta é a realidade que temos que
encarar, justamente por se tratar de uma realidade difícil de lidar com ela e
torna-se frustrante para alguns ter que aceita-la, mas esta é a dura realidade
e não podemos fugir dela; portanto, nesta situação hipotética o que você
faria!?
Eu aconselho a você, que antes de abrir
sua boca para se dizer cristãos, ou responder quaisquer coisa neste sentido, que
reavalie seus pontos de vista e suas convicções... Aliás, este é exatamente o
propósito da filosofia, avaliar as questões de forma a estabelecermos conceitos
ou baseados em alguns conceitos, termos uma visão mais precisa do assunto
abordado!
Neste sentido, Caio Prado Jr., nos
fala de um dos conceitos e objetivos da filosofia, quando eles nos diz: “Há mesmo quem afirme não caber à Filosofia
"resolver", e sim unicamente sugerir questões e propor problemas,
fazer perguntas cujas respostas não têm maior interesse, e com o fim unicamente
de estimular a reflexão, aguçar a curiosidade.”, (PRADO Jr., 1981). É
importante entendermos que a filosofia está presente nas mais variadas áreas de
estudos, ou seja, suas implicações vão além do que a maioria das pessoas pensam,
e desde a antiguidade, em Sócrates, Platão, dentre muitos outros, até mesmo em
Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino, pois seus conceitos e implicações com a
busca pela verdade, nos dar suporte e fomenta esta busca através de questionamentos
que são legítimos, justamente por isto que são imprescindíveis.
Da mesma forma, Desidério Murcho em
sua conclusão a respeito da filosofia e seus objetivos, nos diz: “A filosofia tem valor precisamente quando
não a encaramos como um domínio de indiscutíveis subjetividades, mas como a
procura discutível de verdades sobre assuntos em que toda a verdade parece
escapar-nos por entre os dedos.”. Ainda neste sentido e contexto, ele nos
encoraja a prosseguirmos na busca do verdadeiro conhecimento, quando ele nos
diz: "Reconhecer a falibilidade
humana não implica o abandono de toda convicção, o que seria incoerente, nem
obriga ao abandono da procura da verdade." (Desidério, 2010).
Porque aqui é importante que
ressaltemos as questões filosóficas!
Ora, considerando os fatos e o tema
abordado é evidente que tanto a filosofia, quanto a religião estejam
envolvidas, pois ambas têm muito a nos dizer a respeito uma da outra e suas concepções
conceituais nos ajuda a esclarecer o assunto em questão.
Portanto, considerando a importância da mesma, Desidério Murcho ainda nos diz:
"Em filosofia discutem-se ideias insusceptíveis de tratamento experimental
ou exclusivamente formal. Insiste-se em pensar cuidadosamente e de forma tão
sistemática quanto possível quando nem o laboratório nem a demonstração matemática
nos dão respostas. Procura-se avaliar imparcialmente ideias opostas, usando da
melhor maneira possível as nossas capacidades racionais para pesar as coisas.
Correctamente entendida, a filosofia faz-nos mais humanos porque nos faz pensar
quando o pensamento é difícil, quando a solução não é óbvia, quando não há
métodos seguros que garantam resultados - quando a tentação de desistir e parar
de pensar é grande."
(Murcho, Desidério. Pensar Outra Vez.
Filosofia, Valor e Verdade. Edições Quasi, 2015, Pág. 11, Prefácio)
Agora voltemos as questões Bíblicas, para continuarmos com nosso raciocínio. Neste sentido, outra coisa que devemos salientar, é que depois desta contaminação pelo pecado, que foi tão danosa, que a própria terra foi contaminada, conf. Gên. 3:17-18, e foi justamente neste contexto, que por causa do pecado a mulher passou a sentir dores de parto, conf. Gên. 3:16... e porque isto é importante!? Bom, para quem defende ser as dores de parto; dentre outras coisas mas, que é um fardo que “DEUS” deveria ter evitado, entendam uma coisa, “DEUS” nos fez perfeitos e não existia dores de parto antes do pecado, aliás, não existia dor alguma, o sofrimento não existia, portanto, “DEUS” não foi culpado pelo pecado, responsabilizá-lo por isto é de uma insanidade intelectual sem precedentes, é ridículo, é jogar nossa culpa, a culpa das mazelas da humanidade por causa de nossos pecados em “DEUS” e isto é uma forma de fugirmos de nossas responsabilidades e o pior, é uma blasfêmia contra “DEUS”...!
Agora vejam:
Gênesis 3:16 - "E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejoH8669 será para o teu marido, e ele te dominaráH4910."
H8669 (Strong Português)
H08669
תשוקה t ̂eshuwqah
procedente de 7783
no sentido original de estirar-se atrás de; DITAT - 2352a; n. f.
1) desejo, anseio, avidez
1a) de homem por mulher
1b) de mulher por homem
1c) de animal selvagem para devorar
H4910 (Strong Português)
H04910
משל mashal
uma raiz
primitiva; DITAT - 1259; v
1) governar, ter domínio, reinar
1a) (Qal) governar, ter domínio
1b) (Hifil)
1b1) levar a governar
1b2) exercer domínio
Percebam que neste contexto, o domínio é muito mais sobre os desejos das mulheres, ou seja, sobre seus anseios de vida que as mesmas só conseguirão atingir, cumprindo seus desígnios estabelecidos por “DEUS”, ou seja, com o papel estabelecido e determinado por “DEUS” para a mulher desde o princípio, e dentre estes, está justamente o de ser mãe e dona de casa. E aqui é que existe um fato muito interessante, hoje muitas mulheres tem rejeitado ser dona de casa, é claro que não são todas, mas grande parte querem usufruir de um casamento abençoado, e aqui entra a questão financeira para que as mesmas possam ter uma boa vida, mas estas mesmas, não querem assumir a responsabilidade que isto traz, e é justamente esta responsabilidade que as faz donas de casa e não apenas o casamento em si!
Só mais um
detalhe a acrescentar a isto, este fato por si só já deveria ser esclarecedor
do assunto, tendo em vista que não apenas o significado de ser dona de casa que
é amplo, e que tem a ver com afazeres diários de uma casa, mas pelo simples
fato de esta amplitude representar exatamente os afazeres que dizem respeito a
educação dos filhos, e isto implica em criá-los de forma a respeitar as
tradições, entenda-se aqui, educar, principalmente no que diz respeito às
tradições as quais faz parte delas, seguir os Mandamentos de “DEUS”, conf. Deut. 6:1-9, ou, ao deixarmos um
pouco as questões Bíblicas de lado, mas não por completo, já que as questões
ético-morais estão implícitas nas “Escrituras Sagradas”, ensinar aos filhos a
justiça, o bom proceder, considerando aqui justamente estas questões ético-morais...
E isto amados,
esta responsabilidade, foi estabelecido desde o Éden, na verdade, desde antes
do Éden, quando “DEUS” estava concebendo a ideia da criação, pois sendo este
perfeito, isto fica implícito, mesmo que a lei tenha vindo depois. E justamente
de acordo como foi determinado, deste antes do Éden é que “DEUS” estabeleceu
parâmetros e estes tinham que ser respeitados e serviam tanto para a mulher,
quanto para o homem, e “pasmem”,
estes parâmetros definiam limites, ou seja, eles delimitavam as responsabilidades
de ambos, e até onde poderia haver interferências dos mesmos entre si em suas
responsabilidades, ou seja, isto no sentido de o quanto um, como o outro
poderiam entrar ou interferir na vida um do outro. Em outras palavras, tanto a
mulher poderia exigir as responsabilidades masculinas, caso estas lhe faltasse,
quanto o homem poderia exigir as responsabilidades femininas caso estas também
lhe faltasse. Neste sentido um breve estudo sobre a cultura judaica nos
esclarece a este respeito, conf. 1
Tim. 2:15. Aqui é bom salientar que isto também é válido para os homens, na
verdade, para toda a criação Divina. O fato de esta condição aparentemente
pesar mais em relação a mulher, é simplesmente pelo fato dela claramente
rejeitar seus desígnios diante de “DEUS”, muito mais que os homens rejeitam os
seus, na verdade elas tomam como parâmetro justamente a vida do homem para
tentarem estabelecer seus próprios parâmetros, que implica, isto de acordo com
o proceder da maioria delas, em não existir parâmetro algum, ou seja, toda
esta rejeição não é apenas à autoridade do homem, mas aos princípios Bíblicos e
este é o maior problema, até mesmo porque ao aceitarem os princípios estabelecidos
por “DEUS”, aceitariam sua posição e importância diante de “DEUS” e dos homens,
da mesma forma que o homem aceita a sua e também diante da mulher... neste
sentido um breve estudo de Tito 2; 1 Timóteo 5; 1 Pedro 3:1, 5, 7, deixará
claro sobre esta questão.
1 Pedro 3:7 - "Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações.";
1 Tessalonicenses 4:4-5 - "que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra, - 5 não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus;"...
Neste sentido, as mulheres estabelecem uma luta contra as consequências estabelecidas pelo pecado e não porque “DEUS” estabeleceu tais consequências...
1 Timóteo 2:15
- "salvar-se-á, todavia, dando à luz
filhos, se permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação."
Mas como
entender isto!?
Uma das coisas
que temos que entender, é que a criação Divina só estará perfeita novamente,
quando tudo voltar a ser como era antes; e de acordo com suas palavras, um dia
isto ocorrerá.
Na continuação deste artigo, esclareceremos mais a respeito da falta de conhecimento das “Escrituras Sagradas” e que levam a alguns a irem ao extremo em suas atitudes e justamente esta falta de conhecimento leva a distorção por parte de alguns e esclareceremos os porquê “DEUS” tomou decisões difíceis, duras, mas precisas e esta é a questão, era preciso.
Um abraço amados, fiquem com “DEUS” e até o próximo artigo...!
Rogério Silva
Referências:
Margaret Atwood, autora de ‘O Conto de Aia’:
“Para mim é natural ser uma ‘raposa velha’ malvada”
Enquanto o mundo espera intrigado 'Os Testamentos',
sequência de 'O Conto da Aia', sua autora defende o feminismo e alerta sobre o
perigo de censurar a arte por razões morais
Por: Andrea Aguilar
Londres - 13 set 2019 - 10:54 GMT-3
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/06/cultura/1567786560_937893.html
Aia, in: Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa v3.0 de Jun/2009
Instituto Antônio Houaiss
Etimologia: lat. àvìa,ae 'avó'
Aia, in: Encyclopædia Britannica (Dama de companhia, “aia”, assistente pessoal
em uma corte, real ou feudal, auxiliando uma rainha, uma princesa ou um alto
nobre.),
Chisholm, Hugh.
"Honourable ", ed. 1911. Encyclopædia Britannica. 13 (Eleventh ed.) Cambridge University Press.
p.664.
Aia, in: Novo Dicionário Eletrônico Aurélio
versão 5.0
3ª. Ed., 1ª. Imp. Editora Positivo, revista e
atualizada do Aurélio Século XXI,
©2004 by Regis Ltda. Versão Verbetes 1.1 e Versão
Verbos 1.1
“A
imperatriz, em estado de ‘buena esperanza’, ... cuida dos seus três filhos, do
meneio da casa, e, entre camareiros e aias, fia, borda e sarta pérolas e
aljôfares.” (Antero de Figueiredo, Toledo, pp. 155-156.) [Cf. Haia, top.].
PRADO Jr., Caio. O que é filosofia / Caio
Prado Jr. (Coleção Primeiros Passos, 37), São Paulo: Brasiliense, 1981.
Revisão: PDL, Texto originalmente publicado no Almanaque, nº 4, Ed.
Brasiliense, 1977.
Murcho, Desidério. Filosofia Diretamente /
Desidério Murcho. Publicado originalmente em 2011 pela Fundação Francisco
Manuel dos Santos (Lisboa), com título Filosofia em Directo. Versão brasileira
publicada originalmente em 2010 pela Oficina Raquel, RJ., com o título Filosofia
ao Vivo. Copyright © 2012 by Desidério Murcho, ISBN: 978-85-65505-19-2.
Murcho, Desidério. Pensar Outra Vez.
Filosofia, Valor e Verdade / Desidério Murcho. Edições Quasi, Copyright © 2005
by Desidério Murcho. Publicado originalmente na Quasi Edições (Vila Nova de
Famalicão). Todos os direitos reservados. Fotografia da capa: Fr. Lawrence Lew,
O.P., Versão electrónica preparada pelo autor em Novembro de 2015. ISBN:
989-5-52126-X.
Considerações a uma Ideologia!
Por: Rogério Silva
19 de maio de 2020
https://rogeriorsf.wordpress.com/2020/05/19/consideracoes-a-uma-ideologia-ii/